Textos e fotos por Claudia Santiago/NPC 

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Na última terça, dia 27 de março, o Cine Odeon, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, foi palco da pré-estreia do documentário Nossos Mortos Têm Voz. O filme conta a história de uma chacina que aconteceu no dia 31 de março de 2005.  Policiais do Estado do Rio de Janeiro assassinaram 29 pessoas, em Queimados e Nova Iguaçu. A barbárie entrou para a história do estado como a “Chacina da Baixada”.

Os protagonistas são mães e familiares vítimas da violência de Estado da Baixada Fluminense. Relatos gritantes, emocionantes, pulsam na tela. Não há como não sentir a dor dilacerante daquelas mulheres.

20180327_182655Assisti ao filme sentada entre Débora Silva Maria e Maria Dalva Correia da Silva. Ambas vítimas da violência que matou seus filhos. Não sei por que acabei ficando entre as duas. Quando vi estava lá. Talvez seja um desses mistérios da vida que nos dizem coisas que precisamos saber. Obviamente meu compromisso com essa luta aumenta.

“Nós unidas somos mais fortes”, disse Dalva. É verdade. A mãe de Tiago Silva, assassinado no morro do Borel, na Tijuca, em 2003, falou da importância da união de todas as mães para enfrentar a violência do Estado.

Após a exibição houve um debate com a presença dos diretores do filme e convidados.

José Claudio Alves, professor que estuda a violência na Baixada há 25 anos, falou da força das mulheres nessa luta. Lembrou-nos das Mães de Acari. Lembrou-nos de Marli Pereira Soares, que, em 13 de outubro de 1979, viu seu irmão Paulo Pereira Soares, de 18 anos, ser assassinado com 12 tiros por policiais do 20º BPM (atual Mesquita). E de tantas outras.

“A maior ameaça à estrutura de poder são as mulheres”, disse José Claudio, autor do livro Dos 

Público lota pré-estreia do filme "Nossos mortos têm voz"

Público lota pré-estreia do filme “Nossos mortos têm voz”

barões ao extermínio: uma história da violência na Baixada Fluminense. “A classe dominante deste país é sanguinária”, concluiu.

 

O documentário “Nossos Mortos Têm Voz” foi realizado a partir da parceria entre a Quiprocó Filmes, o Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, o Fórum Grita Baixada e a Misereor, em co-produção com a Arpoador Comunica Filmes. Em breve informaremos onde e como é possível assistir.

 

FICHA TÉCNICA

Direção

Fernando Sousa & Gabriel Barbosa

 

Argumento e roteiro

Fernando Sousa & Gabriel Barbosa

 

Produção

Gabriel Barbosa

 

Pesquisa

Terine Husek

Vinicius Santiago

 

Direção de fotografia

Luis Felipe Romano

 

Câmeras

Debora Indio do Brasil

Jorge Bernardo

Karima Shehata

Luis Felipe Romano

 

Som direto

Vilson Almeida

 

Montagem

Debora Indio do Brasil

 

Assistente de edição

Lucas Vieira

 

Designer

Luiza Chamma

 

Música: “MÃE”

Autores: Emicida, Dj Duh, Dona Jacira, Renan Inquérito

Intérprete: Emicida, Anna Tréa, Dona Jacira

Gravadora: Laboratório Fantasma

Fonograma gentilmente cedido pelo Laboratório Fantasma

 

 

Realização e Produção

Quiprocó Filmes

 

Apresentação

Fórum Grita Baixada: Segurança e Cidadania

Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu

 

Co-produção

Arpoador Comunica Filmes

 

Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência

 


Trilogia da memória

nossos_mortosO documentário “Nossos Mortos Têm Voz” é o segundo filme da “Trilogia da Memória”, da qual fazem parte os documentários “Nossos Sagrado” e “Entroncamentos”. Enquanto dimensão incontornável da nossa humanidade, a memória não só nos define como também constrói nossa experiência social. A luta contra o esquecimento é a luta contra a morte, o fenecimento. Na “Trilogia da Memória”, ela aparece como um instrumento de resistência contra o Estado que, de forma violenta, insiste em apagar as memórias de pessoas e lugares. Recontar a história a partir da narrativa não oficial é o passo fundamental para a transformação do presente e do futuro. A narrativa da memória é a arma com a qual buscamos continuar contando (para nós mesmos) quem somos.
Página do filme no Facebook: www.facebook.com/NossosMortosTemVoz
#NossosMortosTêmVoz