1968 não foi só o Maio Francês

 

Para muitos que com esforço conseguem ter uma noção do que foi o ano de 68, a visão dominante é que este ano foi um ano de grandes lutas mundiais. Isto é evidente. É verdadeiro. Mas, muitas vezes esta visão acaba sendo parcial e distorcida. Há uma atitude quase genética entre nós de achar que tudo o que é “de fora” é bom. Lá sim se luta. Lá se morre na briga política. Aqui, não. Aqui ninguém quer nada. Aliás, já está provado que “brasileiro é pacífico”, “brasileiro é bonzinho”. Brasileiro tem a tal “índole pacífica”.  Lembram?

Essa visão é difundida em versos e prosas nas escolas, nas famílias, nas igrejas, nos quartéis e, hoje, por todos os meios de comunicação, ou seja, pela mídia do sistema., o “verdadeiro partido da burguesia”, parafraseando Gramsci.

Com isso não queremos dizer que todos os professores acreditem e repitam esta deformação da alma dos brasileirinhos que caem em suas mãos. Há um punhado que se insurgem contra esta versão ideológica da nossa história, sociologia e antropologia. Visão/versão que serve enormemente para os que querem manter a sociedade do jeito que está.

Há muitos que combatem esta interpretação ideológica distorcida que serve para manter a hegemonia nas mãos dos que a detiveram desde Pedro Álvares Cabral até nossos dias.

Mas o fato é que, para muitos, 68 foi o ano das barricadas no famoso Quartier Latin de Paris. O ano da primavera de Praga e das manifestações pelo fim da Guerra do Vietnã, pelo mundo afora.

E as centenas de passeatas realizadas no Brasil? E os sete manifestantes mortos nestes protestos contra a Ditadura? E o discurso de Márcio Moreira Alves que falava aos pais do sangue dos seus filhos derramado nestas passeatas? Depois daquele discurso que denunciava a morte de sei manifestantes, houve mais uma. Aqui no Rio, morreu um estudante de medicina da UERJ, naquele mesmo mês de setembro. Quem lembra o nome dele? Qual rua lembra este jovem mártir da luta contra a Ditadura? Qual salão da EURJ lhe é dedicado?

Mas, enquanto isso, se fala do Maio Francês. Claro o ano de 68 foi profundamente marcado pela revolta dos jovens franceses, italianos, estadunidenses, tchecos e pela luta gloriosa e, logo mais vitoriosa, do heróico povo do Vietnã.

Mas, não podemos esquecer dos nossos mártires. Quem ia à passeata do enterro do primeiro estudante morto na véspera, o jovem Edson Luis, sabia que poderia haver mais repressão, mais mortos. Que ele poderia ser o próximo. Mas se ia. As ruas se enchiam. E a Ditadura como disse aquele deputado, “espancava e matava”. Só a título de curiosidade, quantos mortos houve nas barricadas de Paris? Ta na hora de parar com o complexo de inferioridade frente a tudo o que acontece “lá no estrangeiro” e cultuar nossos mártires. Temos milhares! Só nas manifestações de 68, foram sete.

 

O grande esquecido de 68: o Movimento Operário

        Mas o mais grave não é o esquecimento das lutas feitas aqui no Brasil naquele ano de 68. Este esquecimento é seletivo.

         Muito pouco se fala da presença do movimento operário nas lutas deste ano que marcou nossa história.

         O movimento operário tinha sido destroçado pelo golpe vitorioso de 1º de abril. Só para termos uma idéia, nos primeiros dias do golpe, aqui no Rio de Janeiro, milhares de operários, trabalhadores portuários, ferroviários, metalúrgicos, bancários e funcionários públicos foram presos em seu local de trabalho, em suas casas ou em seus bairros.

No dia seguinte ao golpe, somente no Rio, cinqüenta mil pessoas foram presas e amontoadas em delegacias e quartéis. Como a quantia era muito grande, a repressão encheu de presos três navios ancorados na Baia da Guanabara e o estádio mestre Ziza, dentro do Complexo Poliesportivo Caio Martins, em Niterói.

Junto com as primeiras prisões vieram medidas que visavam a extirpar o “vírus da subversão” das fábricas, minas, portos, aeroportos, refinarias e todo conglomerado de trabalhadores. Qualquer pessoa que tinha um cheiro de esquerda era presa.

Mas, para os militares era preciso extirpar o mal pela raiz. Por isso foi decretada a cassação das diretoria identificadas como de esquerda e a intervenção nos sindicatos que tinham liderado as lutas nos anos anteriores ao golpe. De 1964 ate 1968, mais de 900 sindicatos, no Brasil todo, tiveram suas diretorias democraticamente eleitas cassadas, presas ou perseguidas pelos autores do golpe.

O golpe tinha sido dado exatamente para calar a boca dos trabalhadores. Para acabar com as greves operárias e com as ocupações de terra dos camponeses que exigiam, sem meias palavras “reforma agrária na lei ou na marra”. O capital nacional e internacional precisava superar a estagnação econômica iniciada-se em 1960 e deslanchar seus lucros. Para isso precisava de uma ditadura que prendesse e arrebentasse qualquer contestador da nova ordem a ser implantada.

E assim foi feito. O terror das prisões com seu complemento de torturas, Inquéritos Policiais e Militares, os famosos IPMs, impôs uma severa vigilância policial dentro de fábricas, ferrovias, portos e todo local de trabalho.

O Comando geral dos Trabalhadores (CGT) desapareceu e seus líderes foram cassados como bichos do mato. Os sindicatos passaram às mãos de interventores colaboradores da Ditadura e o silêncio se impôs nas fábricas.

A organização dos trabalhadores que dava a ilusão de ser invencível, se mostrou incapaz de qualquer resistência. As greves esperadas como anteparo para um eventual golpe da direita não aconteceram e a classe trabalhadora caiu debaixo das botas dos militares.

Nos anos que se seguiram ao golpe quase não aconteceu nenhuma greve ou protesto dos trabalhadores. A repressão implantada pelos militares, com o apoio e supervisão dos tutores e parceiros no golpe, os EUA tudo fez para garantir a paz dos cemitérios. Há registros de meia dúzia de tentativas de alguma grevezinha em 1965, 66 e 67. Os golpistas tinham tido sucesso.

 

Das cinzas da repressão tenta renascer a luta operária

 

        Os trabalhadores que eram militantes comunistas que continuavam trabalhando em fábricas, escolas ou escritórios, estavam atordoados tentando entender o porquê do desmoronamento dos seus sonhos. Por que não houve reação, não houve greves contra o Golpe?  Enquanto isso, mais e mais companheiros iam presos ou tinham que sair de cena para não serem vítimas da repressão.

Em síntese, a Ditadura procurou destruir todo núcleo de resistência operária e de camponeses. O golpe militar no Brasil seria o exemplo dos futuros golpes militares que implantarão ditaduras em quase todo o continente nos anos seguintes. Por isso tinha que dar certo.

         Os militares agora só teriam que cuidar de calar a boca dos estudantes que continuavam com suas passeatas exigindo um melhor ensino, restaurante universitário e sobretudo contestavam os acordos relativos à educação entre a Ditadura e o grande aliado e tutor, os EUA.

         Mas, com relação aos trabalhadores, não havia problema. Tudo estava tranqüilo na base operária. Pelo menos era isso que os militares pensavam.

 

O 1968 da classe operária brasileira.

 

        Há três fatos que marcaram o 1968 operário, no Brasil. A greve de Belo Horizonte e Contagem (MG), o 1º de Maio na praça da Sé (SP) e a greve de Osasco em Osasco (SP). Vamos dar uma olhada rápida nos três.

      

   Estamos em abril de 1968. Desde fevereiro no Vietnã, um povo miserável lutava para libertar seu país da invasão norte-americana e implantar um regime socialista. Seu comportamento heróico, desafiando o exército mais poderoso do mundo, era um incentivo para todos aqueles que tinham qualquer ideal de mudança.

Nos EUA, dias antes da eclosão da primeira greve no nosso país, tinha sido assassinado pelas forças do sistema, o contestador Martin Luther King. Os Panteras Negras, movimento mais radical na luta pela igualdade racial e por um país socialista,  estava começando a tomar o lugar do reverendo assassinado. Na China continuava a turbulência da revolução Cultural e na França os estudantes da cidade de Nanterre estavam chegando à capital Paris, com seus protestos e passeatas cheias de revolta.

Os três movimentos protagonizados pela classe operária brasileira, Contagem, a Sé e Osasco, foram influenciados pelo clima mundial de contestação que aumentava a cada dia.

 

Greve de Belo Horizonte e Contagem

 

Abril de 1968. O ambiente nas fábricas do distrito industrial de BH e Contagem estava tenso. A classe trabalhadora, no país, vivia um situação muito difícil: arrocho salarial imposto pela Ditadura e falta de emprego.

Desde 1967 o Ministro do Planejamento, Roberto Campos, tinha imposto aos trabalhadores as malditas Leis do Arrocho, como nova norma dos reajustes salariais era conhecida pelos militantes. Estes, nas fábricas e nos bairros-dormitório, faziam pequenas reuniões onde discutiam os mecanismos de rebaixamento dos salários que estas leis representavam.

Nos bairros operários de BH circulavam pequenos jornaizinhos, dos quais o mais conhecido era O Piquete, organizado pela Colina, uma organização armada que era dissidência da Polope. Estes jornais eram rodados em algum Diretório de estudantes ou em alguma igreja com um padre amigo que apoiavam a luta dos trabalhadores. Dentro das grandes fábricas da região de BH e Contagem estavam existindo grupos de trabalhadores que discutiam animadamente a situação da sua fábrica e do país.

Em 16 de abril o caldeirão explodiu. Na grande siderúrgica Belgo Mineira começa a greve que logo se espalhará pela região toda. A Mannesmam também entra em greve e os operários ocupam a fábrica, ou seja, ficam dentro dela e se recusam a sair. Este tipo de greve era cada dia mais comum na fábricas da Itália e da França e a sua notícia chegara em Minas Gerais.

Dentro das fábricas da região de BH e Contagem havia a presença de militantes de muitas das organizações revolucionárias da época. Havia militantes da Colina, a organização armada que mais impulsionou a greve, da Polope, da Ação Popular, do PCB, do PCBR e da ALN, entre outras.

A ocupação não foi fácil. Logo a polícia e o Exército chegam aos portões soldados da Mannesman e exigem a desocupação. Há um jovem operário que para fazer o exército desistir da invasão tomou uma atitude extrema. Acende uma estopa e com ela na mão se coloca na boca do distribuidor de gasolina logo na entrada do páteo da fábrica, pronto para fazer explodir tudo: a fábrica e boa parte do bairro em volta. A invasão pela repressão não se deu e a greve continuou. Este operário, hoje mais calmo, vive em Coronel Fabriciano.

A greve se estende para outras fábricas da região e atingiu mais de 20 mil operários. As grandes fábicas etavam todas paradas: Mafersa, RCA Victor, Acesita e tantas outras. Todos exigiam aumento salarial. O governo não cedia. A greve também não.

Após mais de uma semana, a Ditadura manda o coronel Passarinho, então ministro do Trabalho para, numa tumultuada assembléia no sindicato, fazer a proposta de um “abono” de 10%. Este é aceito e a greve acaba.

Aí começa a caçada, pela repressão da Ditadura a todos os lideres do movimento. Dezenas foram presos. Outros conseguiram fugir e muitos serão demitidos.

Mas ficou a lição. Mesmo com ditadura, os metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem conseguiram se organizar, por baixo, pela base, e desafiaram o poder dos patrões e de sés governo.

No começo de junho, os militares, para impedir que o exemplo de Minas se espalhasse, eStendem este tal “abono” de 10% para todos os trabalhadores do país.  

 

1º de Maio em São Paulo.

 

O 1º de maio era a tradicional data da luta dos trabalhadores. Desde o Golpe de 64, no Brasil, nada mais acontecia neste dia. O ano anterior houve uma tentativa de manifestação, em Recife, mas foi pequena.

Em São Paulo, o governador da Ditadura resolve chamar os trabalhadores para a praça da Sé, numa tentativa de passar mel nas suas bocas e contornar a revolta que, a partir dos estudantes, poderia tomar conta das fábricas. O exemplo de BH e Contagem estava ali.

O governador interventor, junto com um tal Movimento Intersindical Anti-arrocho (MIA) convoca os trabalhadores para a Praça da Sé. O MIA foi uma articulação de sindicalistas pelegos-interventores que queriam ser aceitos por suas categorias e de alguns dirigentes comunistas que tentavam sobreviver na Ditadura.

Nas cidades operárias da periferia de São Paulo a idéia do MIA e do governador da Ditadura foi logo rechaçada.

 Em Osasco, a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos era composta por jovens rebeldes que não aceitavam o jogo da Ditadura. Esta diretoria, eleita meses atrás, em final de 1967, era o principal pólo de resistência na cidade. Esta era formada por jovens com menos de 21 anos, muitos deles ativos militantes da Comissão de Fábrica da Cobrasma, que existia desde 1963. Esta era a maior fábrica da região e pertencia, nada menos que ao presidente da FIESP.

Também, nesta cidade os operários tinham um sólida base de apóio para suas reuniões: a paróquia de Vila Iolanda onde havia um forte trabalho de organização popular e operária. No sindicato e nas vilas da região começou a organização de um 1º de Maio diferente daquele do MIA e da Ditadura.

Doze ônibus foram alugados para ir à Praça da Sé. Todo mundo precisava ir … sem esquecer umas duas ou três pedras no bolso.

O mesmo que acontecia em Osasco se repetia em Santo André, em Mauá, Ribeirão Pires e outras cidades operárias do cinturão da capital paulista.

Todos à Praça da Sé … com alguma pedra no bolso.

O palanque da Ditadura e da pelegada estava montado. O Governador do maior Estado do País começa o discurso. De repente, um assovio e os operários vindos de Osasco, Mauá e outras cidades começam a atirar pedras no palanque. Uma certeira acerta a cabeça do governador da Ditadura e seu sangue começa a descer pelo rosto. Fuga dos ocupantes do palanque que se retiram na catedral fechando as portas rapidamente. Zequinha Barreto, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, acende uma estopa e taca fogo no palanque vazio. A alegria, na praça, foi geral. Este foi o 1 de Maio operário de São Paulo, naquele 1968.

 

 

 

 

A greve de Osasco

 

         Estamos em julho. Os metalúrgicos de Osasco ainda estavam eufóricos com a corrida que deram no 1º de Maio nos pelegos e agentes da Ditadura. O exemplo da greve de BH e Contagem estava ali. A Ditadura tinha concedido uns miseráveis 10% de “abono” que nem de longe cobriam a perdas provocadas pela inflação. Precisava fazer algo. Uma greve.

 Os estudantes, junto com artistas, intelectuais e todas as várias organizações de esquerda, com sua militância, estavam nas ruas. Tinha acabado de ser realizada, no Rio, uma enorme passeata: a Passeata dos cem mil. A Ditadura estava acuada pelo “povo na rua”. A hora era essa.

Dia 16 de julho, Osasco amanhece com fábrica metalúrgica Lona-Flexa parada e ocupada pelos seus trabalhadores. Logo em seguida para a Cobrasma Cobrasma. O plano traçado exigia a paralisação das outras grandes fábricas da região: a Braseixo, a Brown Bovery e outras metalúrgicas onde havia uma organização interna e fábricas de outros setores, como a Fiat Lux, fábrica de fósforos do setor químico e outras do setor têxtil.

A greve começou sem piquetes. Na Cobrasma, Lona-Flex e Barreto Keller havia Comissões de Fábrica reconhecidas há anos. Estas Comissões e a atuação muito intensa de grupos de esquerda, como VPR, Poplope, ALN e Ação Popular garantiram a participação ativa de lideranças e da própria massa. O presidente dos metalúrgicos e também presidente da Comissão da Cobrasma, José Ibrahim, foi uma das principais lideranças deste movimento.  

No dia 17 a cidade está parada. Mas a Ditadura não admite o desafio. Logo no segundo dia da greve chegam à cidade todas as forças repressivas. Depois de ter invadido e depredado os sindicatos dos metalúrgicos, dos químicos e dos têxteis chegam ao maior foco da contestação, a Cobrasma.

 Lá os operários estavam fazendo o mesmo que acontecia em dezenas de greves daquele ano, na França, Itália e Alemanha. Tinham ocupado a fábrica. Além da ocupação os operários desta grande fábrica inovaram em suas táticas. Rapidamente, na Cobrasma, as lideranças da greve prenderam mais de 30 dirigentes e executivos e os mantiveram sob guarda num local fechado, soldado com maçarico. Ninguém sairia até a empresa ceder às reivindicações dos operários. Este era o sonho. Nos dizeres de João Joaquim, 1º secretário dos metalúrgicos “A tensão era muito grande porque uma das decisões que o grupo tinha tomado era soldar o portão”. (em Teoria e Debate 5/2008)

Esta atitude não nasceu do nada. Havia uma forte organização interna puxada pela Comissão de Fábrica. Como diz Joaquim Miranda, membro do conselh fiscal dos metalúrgicos, “Foram seis anos trabalhando, construindo aquelas bases operárias lá dentro”. Esta lição será retomada pelas oposições sindicais no esforço de organizar suas bases para a luta contra o peleguismo e contra o sistema de exploração e opressão que aparecerá à luz do sol dez anos depois, nos anos de 1978 e 1979. Mas naquele 68 a situação não estava madura.

A repressão, no portão da fábrica, forçou a sua abertura. Um enchame de todo tipo de repressão entra e prende mais de 800 operários. Mãos na cabeça, são levados ao DOPS em São Paulo e aí começa o calvário igual o de todo preso da Ditadura .

A greve começa a se diluir, a repressão ocupa todas as fábricas e bairros da região e em uma semana o movimento é derrotado.

 

Mais duas greves em setembro de 68

 

Além deste três grandes acontecimentos naquele ano de revoltas e contestação, a classe operária tentou mais duas lutas, pouco antes do endurecimento da Ditadura com o Ato 5. As duas foram no mês de setembro. A primeira bem menor foi em São Paulo. Foi na fábrica de chaves para carro, Metalúrgica Lassen. Era uma empresa de meio porte que impunha condições de salário e de trabalho muito ruins para seus trabalhadores. Alguns militantes da Oposição Sindical, entre estes Waldemar Rossi, encabeçador da chapa oposicionista no seu sindicato no ano anterior, à revelia da diretoria pelega e interventora do seu sindicato, organizaram uma greve de uma semana. Queriam quebrar o arrocho salarial da Ditadura. Conseguiram alguma vitória, mas esta greve ficou totalmente isolada e não conseguiu se espalhar.

A segunda foi, de novo em Minas Gerais. Outubro era o mês do reajuste anual dos metalúrgicos de BH e Contagem. Em setembro, vários ativistas e militantes dos grupos de esquerda que se multiplicavam naqueles meses turbulentos, sonharam em repetir a greve vitoriosa de abril. Mas o sonho não passou de um sonho. Embora a greve desencadeada em setembro tenha sido até maior do que a de abril, a Ditadura e os patrões não cederam um milímetro. Já estava no ar o endurecimento político que viria dali a menos de três meses. Embora todas as organizações de esquerda apostassem nesta nova greve, ela não conseguiu se segurar e alcançar alguma vitória e se esvaziou aos poucos. No dia 3 de outubro a greve já tinha se acabado. A repressão conseguiu derrotar o movimento no seu nascedouro.

Este foi o ano de 68 no meio operário.

 

 

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