(Cory López) 

O brasileiro Glauber Rocha, que criou pautas cinematográficas universais na década dos 60, expressando-se com imagens oníricas e ao mesmo tempo cruas e realistas, é real e ao mesmo tempo fantasma no 24o Festival Internacional do Novo Cine Latino-Americano em Havana. A parte fantasmagórica está na tela mágica, tal como a definiu em seu momento o escritor argentino Horacio Quiroga, e a real não só em suas influências artísticas, mas também em seu filho Eryk Rocha, que apresenta o filme “Rocha que Voa”.

A pré-estréia do filme foi assistida, entre outras figuras, pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez e pelo presidente do Festival Latino-Americano, o cubano Alfredo Guevara.

A homenagem que este festival brinda a Glauber Rocha teve uma razão muito especial, segundo explicou o cineasta cubano e diretor da Escola Internacional de Cine, situada nas cercanias desta capital, Julio García Espinosa: “Porque nos ensinou a não olhar para ele, mas para nossos países e porque foi o primeiro cineasta que chamamos para dizer-lhe que esta era sua escola”   (…)

Foram dedicadas outras honras ao italiano Cesare Zavattini, já falecido, mas que também contou com seu filho, Arturo Zavattini, para assistir a esta homenagem.

O festival de Havana está dando ênfase às obras de forte conteúdo social e histórico, quase todas de criadores latino-americanos, mas também com auspícios espanhóis.

Entre os filmes que mais têm interessado até o momento está “Ciudades Oscuras”, do diretor Fernando Sariñana, que foi qualificado por um cronista local como “uma volta estética em certo sentido a sua obra prima de 1994, ‘Hasta morir’. Sariñana se instala no melhor da última geração da renovada cinematografia mexicana”.

“Estamos na presença de uma fita violenta (quiçá com demasiadas mortes), por vezes sórdida, desagregadora em seus dramas humanos, mas sustentada em valores estéticos que a fazem desfrutável do princípio ao fim”, disse o especialista citado.

Outro longa-metragem muito aplaudido é “El lugar donde estuvo el paraíso”, uma co-produção da Argentina, Espanha e Brasil.

O filme é de Gerardo Herrero e está baseado em uma novela homônima de Carlos Franz. O argumento é dos anos oitenta, regidos por ditaduras militares na América Latina. Em um pequeno povoado às margens do Amazonas, encontra-se destacado um cônsul de um país indeterminado. Da Espanha viaja a vê-lo sua jovem e bela filha, que encontra seu pai vivendo com uma mulher muito mais jovem que ele.

Fonte: Adital/ World Data Service