Marina Schneider – NPC

No último sábado, 21/09, os jornalistas Leandro Fortes (Carta Capital) e Paulo Moreira Leite (IstoÉ) participaram, ao lado da coordenadora do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, de uma mesa de avaliação de conjuntura sobre a democratização da mídia. O debate fez parte da programação da XVII Plenária do FNDC, realizada no último fim de semana, em Brasília. A pequena participação dos jornalistas no movimento pela democratização da comunicação foi um dos principais assuntos tratados pelos debatedores.

“Se não tivermos uma mídia democrática e instrumentos de poder para confrontar o que está aí nós vamos continuar sofrendo abusos”, afirmou Paulo Moreira Leite. Na avaliação dele, temos uma mídia que quer um país para poucos e um jornalismo sem consciência social. “Os jornalistas renunciaram à capacidade crítica e não fazem mais luta nas redações”, lamentou. Segundo ele, nos últimos 20 anos o jornalismo se afastou das camadas pobres e se tornou uma profissão elitizada.

debate

Para Leandro Fortes, a discussão da democratização da comunicação não atingiu os jornalistas porque os jornalistas brasileiros não se reconhecem como categoria. “Há uma massa enorme de comunicadores que não quer que essa discussão ande porque fazem parte de um modelo que não passou por uma transição para a democracia”, afirmou. Segundo ele é preciso discutir a formação deste profissional. “Os jovens das grandes redações são monstrinhos corporativos. Entram na redação treinados para não criticar o local onde estão. Eles são tarefeiros da notícia”, criticou.

Fortes afirmou ainda que, em geral, os jornalistas veem o sindicato como algo que não lhes pertence. “Isso é decorrência direta dos monopólios, da estrutura da comunicação no Brasil”. Nas sua avaliação, os jornalistas são tratados como “subagentes” do interesse público. “Basta ver como as mídias alternativas são tratadas pelo ministro Paulo Bernardo e encaradas pelo governo”, disse.

A postura do governo também foi criticada por Rosane Bertotti. Para ela, o Ministério das Comunicações tem privilegiado interesses de empresários e dificulta o diálogo com representantes do movimento pela democratização da comunicação.

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