[Por Claudia Santiago] No dia 5 de outubro, a estagiária de jornalismo do NPC, Gizele Martins, chegou diferente. Não falou: “Oi, gente, cheguei”, sua marca. Estava assustada. Tirou da bolsa uma prova que acabara de receber das mãos da jornalista de O Globo e professora da PUC, Marília Martins. A primeira coisa que se lê, no alto da folha, é a cruel avaliação que a professora faz do trabalho da aluna: “matéria parcial que parece discurso ideológico do MST”. E sentencia: “não se faz jornalismo assim”. Ao longo da prova, outras pérolas da jornalista Marília, escritas na margem do papel. “Ocupar é ilegal”, “defesa das ocupações”. Tem outras coisas escritas, mas é difícil de entender a letra da professora. Mas vê-se que ela marcou a frase “O MST luta contra a privatização do patrimônio público”. Também marcou a frase de Gizele: “o próprio índio foi expropriado de seu lar e luta pela demarcação das terras”. 

Dez laudas sem nenhum erro ortográfico ou gramatical

Para a reportagem, de cerca de dez laudas, Gizele visitou sete localidades onde vivem pessoas de baixíssima renda: Morro do Bumba (aquele que despencou por causa das chuvas, em Niterói, destruindo a vida de centenas de pessoas), Morro dos Prazeres, Vila Autódromo,  Mandacaru, Sapateiro e Timbau (as três últimas na Maré). Ouviu os moradores. Citou posições da Prefeitura e falou sobre a desmarcação de uma audiência pública na Câmara dos Vereadores. 

Além disso, Gizele ouviu moradores de ocupações urbanas. É exatamente ao lado da fala de Glaucia Marinho, da Ocupação Chiquinha Gonzaga, que a professora escreveu: “defesa das ocupações”. O que ela queria? Que a moradora da ocupação atacasse a ocupação? 

Não bastasse todo este trabalho, a estudante fez um Box com a fala do MST e do Instituto Tamoio, uma ocupação indígena.

Para completar, Gizele Martins entrevista o doutorando, Guilherme Marques Soninho, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional (IPPUR), da UFRJ, e um dos organizadores do Fórum Social Urbano, recentemente realizado no Rio de Janeiro. Parece que a
entrevista a professora não leu, porque não fez nenhuma marcação.

Destaque: a professora não encontrou na prova nenhum erro ortográfico ou gramatical. 

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