Pesquisas revelam: crianças que ficam mais tempo diante da telinha têm pior desempenho escolar. Por Raid Younes para Carta Capital, julho de 2005
Fixar os olhos nas telas de televisão pode não ser tão inofensivo quanto se pensa. A preocupação constante de pais, educadores e autoridades de saúde sobre os problemas potenciais de crianças passarem parte considerável de seus dias vendo tevê ou brincando em computadores pode ter fundamento. A revista Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine apresentou recentemente trabalhos científicos que tentam quantificar e mostrar com detalhes os eventuais efeitos prejudiciais da televisão, tanto a curto quanto a longo prazos.
De acordo com o primeiro estudo, realizado por R. J. Hancox, da Universidade da Nova Zelândia, as pessoas que haviam assistido mais a tevê entre 5 e 15 anos têm menor probabilidade de completar o curso superior e obter um diploma universitário.
Outro trabalho, dirigido pela pesquisadora D. L. G. Borzekowski da Faculdade de Saúde Pública Johns Hopkins, dos EUA, avaliou o efeito da tevê sobre o desempenho escolar de 386 estudantes do ensino primário. Foram correlacionados na pesquisa o tempo que as crianças passavam assistindo à tevê, o número de aparelhos de tevê em cada casa e a localização dos aparelhos (na sala, no quarto da criança etc.), com as notas obtidas na escola.
Verificou-se que as crianças que dispunham de tevê no quarto passavam mais tempo diante da telinha, provavelmente devido ao menor controle dos pais. Coincidentemente, essas crianças obtiveram notas significativamente inferiores que seus colegas que não tinham tevê no quarto.
Borzekowski alerta os pais que aparelhos de tevê no quarto das crianças podem afetar de forma dramática seu desempenho escolar, apesar de não conseguir estabelecer com segurança a causa desse fenômeno. Especula a cientista que nessas situações os pais não sabem ou não controlam o tempo em que a tevê fica ligada nem o conteúdo dos programas que as crianças assistem.
Talvez as notas mais baixas na escola possam ser explicadas pelo simples fato de que a criança que possui tevê no quarto fique acordada até mais tarde, vendo algum programa. Quaisquer que sejam os mecanismos que gerem a diferença de desempenho nos estudos, os pesquisadores sugerem que os pais controlem o tempo e o conteúdo de programas que as crianças assistem. E que não deixem a tevê nos quartos delas.