[Por Claudia Santiago/ NPC] “Em todo dia letivo, quase 40 milhões de estudantes vão às escolas públicas de educação básica em todo o país e mais de 1 milhão de jovens estudam nas universidades administradas pelos governos. Além disso, quando chegam às suas escolas e faculdades, alunas e alunos são recebidos por, aproximadamente, 5 milhões de educadoras e educadores. Se a política educacional for bem-sucedida, ela tem a capacidade de impulsionar mudanças profundas nas estruturas sociais, políticas e econômicas do país. Por isso, a educação foi escolhida como principal alvo a ser atacado, a partir de 2016.” A afirmação é de Daniel Cara, que, em 2006, assumiu a coordenação geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e, de 2010 a 2017, foi membro titular no Fórum Nacional de Educação (FNE). Esse já seria motivo mais do que suficiente para escolhermos a luta pela educação pública, gratuita, laica e de qualidade para todos como tema do Livro-Agenda 2019, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). 

 

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Nosso objetivo, com esse trabalho, é fortalecer, através da contação da história, a luta dos que defenderam e dos que ainda defendem a educação dos atuais ataques que ela vem sofrendo. Esses ataques são muitos. E com efeito de terra arrasada.

Eles englobam desde cortes de verbas para a educação, empobrecimento do conteúdo (retirada de filosofia, sociologia, artes e educação física da grade obrigatória do ensino médio), aumento da exploração do trabalho docente, aumento do ensino à distância para diminuir os custos dos donos das escolas, reforma do ensino médio, que visa formar precariamente jovens para um mercado de trabalho desregulamentado pelas alterações na CLT,  até o fim da liberdade de pensamento dos docentes. Sem falar nas propostas de fim das universidades públicas, que andam circulando por aí. E, por fim, a pá de cal da educação: a Emenda Constitucional 95/2016, que vai fazer com que o Estado não invista nenhum centavo novo em saúde e educação por 20 anos.

Nossa ideia de escola pública significa: professores bem remunerados, turmas com número adequado de alunos, bibliotecas, laboratórios de ciências e informática, internet banda larga, quadra poliesportiva, ensino de música, teatro, dança. Tudo o que os alunos das escolas particulares têm.

Estamos em sintonia com a Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, que tem como missão “atuar pela efetivação e ampliação das políticas educacionais para que todas as pessoas tenham garantido seu direito a uma educação pública, gratuita, inclusiva, laica, e de qualidade no Brasil”.

Aqui, você vai encontrar, dia após dia, momentos importantes da luta pela educação no Brasil e no Mundo. Vai conhecer mulheres e homens que abriram escolas e que lutaram para que escolas não fechassem. Alguns pagaram caro por isso. O sistema não gosta dos que ensinam a pensar. Uma delas foi Maria Nilde Mascelani, presa em 18 de janeiro de 1974, e submetida a torturas por ter escrito o texto Educação Moral e Cívica e escalada fascista no Brasil, sob encomenda para o Conselho Mundial de Igrejas, sediado em Genebra, Suíça.

Também procuramos prestar as merecidas homenagens a Paulo Freire. Patrono da educação do nosso país, ganhou reconhecimento internacional ao defender uma concepção libertadora de educação. Para ele, serve o ensino que questiona, transforma, conscientiza. Um ensino que forme homens para um novo mundo: com igualdade e justiça sociais.

Aqui estão os professores da época do Brasil Imperial, os da República, os anarquistas, os comunistas, os da Escola Nova. E os estudantes. Quantas lutas fizeram os estudantes!

Então, convidamos você a vir conosco nessa aventura pela educação do Brasil. Procuramos mostrar como a luta pela educação é uma luta de todos aqueles que ousam sonhar com um mundo diferente.