[Por Vito Giannotti] Carta Capital, a revista semanal mais útil do Brasil não está em campanha para aumentar a cortina de fumaça dos que se informam pela Veja e pelo JN. Na edição da primeira semana de agosto, colocou, perdida numa página qualquer, uma simples chamadinha de 26 palavras, dentro de uma bola vermelha: “63, é o total de mortes estimadas em decorrência da gripe A no Brasil. O estudo oficial do Ministério da Saúde sairá em 31 de julho”. Acabou. Não há mais uma palavra sobre a famosíssima gripe que faz a alegria de locutores, apresentadores, comentaristas e expert da Rede Globo e suas irmãs e de todos os jornais e revistas da mídia empresarial/patronal/do sistema.  

A pergunta a fazer é simples: quantas pessoas morrem por dia no país devido a 50 outros tipos de causas? Quantas morrem por falta de atendimento nos hospitais públicos, SUS, Santas Casas ou qualquer tipo de inferninho onde quem ganha menos de um salário tenta se tratar? Quantas grávidas morrem ou perdem seus filhos enquanto um punhado de madames da Daslu vão fazer lipoaspiração segura nos EUA? Quantas mães só conseguem marcar uma consulta para si ou para seus filhos para dali a três meses? 

Quer mais um dado? Na pujante capital do Espírito Santo, Vitória, enquanto grandes empreiteiras faturam os tubos, de janeiro a julho deste ano, já morreram de acidente de trabalho 18 operários da construção civil. Na mesma época, em São Paulo, foram 12 vítimas fatais.

É por isso que para estes 18 capixabas mais os 18 que morrerão até o fim do ano, a gripe suína seria um refresco. Mas, eles não puderam tomar este refresco. Morreram antes. E o JN não noticiou suas mortes trágicas. Nem a Veja. Por isso que Carta Capital só deu 26 palavras para a gripe A.