Categoria: Artigos

Anatomia de uma derrota

[Por Luis Felipe Miguel] […] A crise do discurso eleitoral da esquerda é só um sintoma. A raiz do problema está na própria centralidade absoluta conferida ao embate eleitoral, como se nós acreditássemos de fato no discurso que a democracia eleitoral apresenta sobre si mesma – de que o voto popular decide o exercício do poder e as “regras do jogo” imperam igualmente para todos. A burguesia não acredita nisso, nem as igrejas, nem os meios de comunicação ou as big techs, nem os militares… A grande armadilha da democracia eleitoral, aquilo que a transforma num instrumento muito mais de manutenção da ordem do que transformação radical da sociedade, é a redução do horizonte da política à conquista de votos. O eleitoralismo faz com que a única coisa que importe seja obter o melhor resultado na eleição que está chegando. Com isso, não existe possibilidade de acúmulo, não existe estímulo para a desconstrução das representações hegemônicas do mundo social. Sempre é mais proveitoso remar a favor da correnteza, mesmo que essa correnteza seja conservadora, individualista, contrária aos interesses dos trabalhadores e dos grupos dominados em geral. | Leia o artigo completo.

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Caso X: Virar o jogo e enfrentar as big techs

[Por Helena Martins | Outras Palavras] Uma carta assinada por mais de 50 estudiosos das plataformas digitais e de seus impactos na economia foi lançada nesta terça-feira, 17, exigindo respeito à soberania digital brasileira. O documento, intitulado Carta Pública Contra o Ataque das Big Techs à Soberania Digital, parte da crítica ao posicionamento do X no país e apela que “todos aqueles que defendem os valores democráticos devem apoiar o Brasil em sua busca pela soberania. Exigimos que as Big Techs cessem suas tentativas de sabotar as iniciativas do Brasil voltadas para a construção de capacidades independentes em inteligência artificial, infraestrutura pública digital, governança de dados e serviços de nuvem”. O texto é assinado por Thomas Piketty, Mariana Mazzucato, Nick Srniceck, José Van Dijck, Evgeny Morozov, Anita Gurumurthy, Shoshana Zuboff, Cecília Rikap e outros. O grupo reclama ainda que a ONU e os governos apoiem esforços em torno da soberania digital. | Continue lendo.

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O futuro do trabalho na Era Digital

[Por Marcio Pochmann | Outras Palavras] A longa fase de insistência quase contínua na adoção de políticas de liberdade ao capital se mostrou compatível com a flexibilização na contratação e uso da mão de obra pelo patronato. A imposição do rebaixamento no custo do trabalho, embora não tenha elevado o nível de emprego de qualidade, foi responsável por ampla precarização das ocupações existentes. Mais do que isso, contribuiu para alterar profundamente a composição dos postos de trabalho no país. Se considerar o conjunto das atividades tipicamente capitalistas, por exemplo, constata-se o quanto elas deixaram de ser dominantes no emprego da mão de obra. | Continue lendo.

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A imprensa como arma do golpismo em 1964

[Por Dênis de Moraes] A passagem dos 60 anos do golpe de Estado de 1964 consolidou a omissão da ampla maioria da imprensa empresarial a respeito de sua ativa participação na conspiração que levou à deposição do presidente João Goulart. A cobertura do evento, em grande parte superficial e diversionista, expôs a ausência de autocrítica quanto à sua cumplicidade com a violência cometida contra a democracia e durante os sombrios 21 anos de ditadura militar. O propósito recorrente foi o de tentar manter no esquecimento o papel dos órgãos de difusão na ofensiva de direita e extrema direita, eivada de mentiras e deturpações, que desestabilizou o governo, derrubou o presidente, barrou os avanços sociais em curso e alvejou a esquerda. Neste artigo, pretendo reavivar como os meios de comunicação, sobretudo a imprensa escrita, tornaram-se uma das trincheiras prioritárias no combate a Jango e às forças progressistas. A trama militar-política-empresarial-midiática obedeceu a um planejamento estratégico bem definido, inspirado nos ditames da Guerra Fria e do anticomunismo. Os artífices do golpismo empregaram táticas de manipulação e persuasão, atreladas à propaganda ideológica adversa, contando para isso com a adesão de grupos de mídia. | Leia o artigo completo!

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Dowbor expõe os novos aspectos do rentismo

[Por Ladislau Dowbor para Outras Palavras] Os modelos de gestão no mundo corporativo são estruturados para maximizar resultados, e estes são definidos como meta principal, lucros financeiros e dividendos. Alguns chamam isso de otimização e parece bom. Os resultados também devem ser alcançados no menor tempo possível, prendendo o mundo corporativo numa corrida permanente. Os resultados sistêmicos e de longo prazo são mantidos fora do horizonte do processo de decisão e os impactos em maior escala são qualificados como “externalidades”, lavando as mãos das empresas. Um exemplo clássico é a reação da indústria de armas de fogo às críticas: produzimos armas, mas não puxamos o gatilho. Outro exemplo interessante é o da indústria de alimentos ultraprocessados: seria responsabilidade do consumidor ler os rótulos e proteger sua saúde. Na verdade, isto levou a outra indústria em expansão, a resposta farmacêutica à explosão da obesidade. Assim, temos duas indústrias em expansão, uma que produz alimentos ruins, a outra que produz remédios, e pagamos por ambas. Produzir alimentos saudáveis ​​poderia ser uma escolha melhor, mas não no interesse da maximização dos lucros, quer nos setores alimentar, quer no setor farmacêutico. A concorrência na época de Adam Smith poderia parecer boa e até continuar positiva nas pequenas e médias empresas. Uma padaria tem que produzir bom pão a preços razoáveis, ou outra padaria aparecerá. Mas se uma empresa produtora de chocolate na Bélgica conseguir comprar cacau mais barato no Gana, fechando os olhos ao trabalho infantil, o concorrente responsável que respeita alguns direitos humanos básicos será ultrapassado. | Leia o artigo completo

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O caso Marielle e aquilo que não pode mais ser escondido

[Por Guilherme Pimentel*] As investigações da Polícia Federal que apontam os mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson trazem à tona três verdades que não podemos mais ignorar.

A primeira revela que o crime se organiza dentro do Estado. Todos os envolvidos no assassinato de Marielle e Anderson são agentes públicos. O executor, um homem treinado pelo Estado para matar, usou armamento e munições comprados pelo Estado.

Os mandantes — um conselheiro do Tribunal de Contas, um deputado e um delegado de polícia — ocupam posições de mando em instituições de poder estatal. Não há um morador de favela envolvido, não há quadrilheiros usando recursos próprios.

Todos os atos foram realizados no seio de aparatos de um Estado fundado na colonização escravocrata, que historicamente tem como principal política pública a produção da violência nas periferias contra a maioria da população para a extração da riqueza e preservação dos interesses das elites coloniais.

Ao longo da história do Brasil, muita coisa mudou na lei, porém a lei não se cumpriu por si só, e convivemos até hoje com a continuidade histórica deste passado tão presente entre nós. | Continue lendo.

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60 anos do Golpe de 1964: seguimos em luta para que não se esqueça e para que nunca mais aconteça

[Por Luisa Souto] Em 2024 completam-se 60 anos do Golpe de 1964, quando os militares, apoiados por entidades civis e grupos empresariais, depuseram o então presidente João Goulart e ocuparam os espaços de poder por meio da força e ali permaneceram por 21 anos. Pesquisas feitas pelo Ibope às vésperas do Golpe Militar, e doadas à Unicamp em 2012, mostram que o presidente João Goulart contava com amplo apoio popular e o índice de aprovação do seu governo era de 70%. Mas esses dados não foram revelados à época para não atrapalhar a falsa narrativa difundida pelos militares. É importante lembrar, e tentamos mostrar nas próximas páginas, que nada aconteceu de um dia para o outro. A verdade é que 10 anos antes, no final do governo de Getúlio Vargas, algumas forças já se movimentavam nesse sentido. E em 1961, quando Jânio Quadros renuncia à presidência, uma nova tentativa de ataque à democracia viria a acontecer: dessa vez impedida pela chamada Rede da Legalidade, capitaneada por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, e que conseguiu garantir a posse de Jango. Brizola mobilizou a Brigada Militar, entrincheirou-se no Palácio Piratini, requisitou a rádio Guaíba e deu começo à resistência. Em 1964, no entanto, o Golpe aconteceu. | Leia o artigo completo.

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Portugal: por que a direita venceu

[Por Antonio Martins – Outras Palavras] Certas derrotas são especialmente penosas. Em abril próximo, Portugal viverá os 50 anos da Revolução dos Cravos sob um governo de direita e forte pressão de um partido neosalazarista. Por nove anos, o país foi, junto com a Espanha, um tímido oásis, numa Europa onde avançam forças políticas ultracapitalistas e xenófobas. Ontem, o experimento foi interrompido. Em eleições parlamentares antecipadas, o Partido Socialista (PS, de centro-esquerda) e a coalizão autodenominada Aliança Democrática (AD, de direita) chegaram a um virtual empate. Cada um obteve em torno de 30% dos votos e 80 representantes na Assembleia da República. Mas em terceiro lugar apareceu o Chega, de ultradireita, que alcançou mais de 1 milhão de votos (18%) e quadruplicou sua bancada, agora com 48 parlamentares. Já o Bloco de Esquerda (BE) e a CDU (que inclui o Partido Comunista-PCP), encolheram, receberam menos de 5% dos sufrágios e ficaram reduzidos respectivamente a 5 e 4 cadeiras. A partir desta terça-feira (12/3), o presidente Marcelo Rebelo de Sousa ouvirá os líderes dos partidos e “indigitará” [pré-indicará] o futuro primeiro-ministro, encarregando-o de formar um novo governo. Tudo indica que será o líder da AD. Ou num governo sem maioria absoluta, ou – muito pior – em aliança com o Chega. | Continue lendo.

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Paul Blanquart – UM DOMINICANO ENTRE JESUS E MARX

[Leneide Duarte-Plon, de Paris] No dia 15 de janeiro de 1970, em Paris, um encontro na mítica sala Mutualité, no Quartier Latin, reuniu intelectuais numa tribuna com uma grande faixa onde se lia : « Solidarité avec le peuple brésilien en lutte ». Jean-Paul Sartre, o grande filósofo existencialista, era o mais eminente dos oradores. Atrás da mesa, uma imensa foto de Carlos Marighella dava o tom da reunião. O revolucionário fora executado por Sérgio Fleury dia 4 de novembro de 1969, em São Paulo, e diversos dominicanos do convento das Perdizes haviam sido encarcerados e torturados por prestarem apoio logístico à Ação Libertadora Nacional (ALN), de Marighella. | Continue lendo.

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A comunicação como tática de mobilização do Movimento Sanitário na Pandemia de Covid-19

Neste artigo, publicado no livro “Frente Pela Vida – Em Defesa da Vida, da Democracia e do SUS”, o pesquisador Bruno Cesar Dias busca pensar a comunicação desenvolvida pela Frente Pela Vida, fundada em 2020, como tática de intervenção do movimento sanitário na conjuntura política e científica brasileira em meio à pandemia de covid-19. O artigo está organizado em três partes. Na primeira, Dias conceitua a comunicação da sociedade civil e dos movimentos sociais considerando as transformações vivenciadas da sua origem no chão das fábricas do século XIX até o atual estágio do desenvolvimento da sociedade em rede. A segunda parte fala sobre a comunicação desenvolvida pela FpV e remonta a sua história. E a terceira apresenta relações entre política e técnica na comunicação das instituições da sociedade civil e dos movimentos sociais da saúde. Além disso, Dias problematiza a compreensão do papel da comunicação pelo movimento sanitário e apresenta desafios a serem superados. | Leia o artigo completo (p. 173). | Leia o artigo completo.

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Congresso amplia concentração da mídia. Para fortalecer democracia, Lula deveria vetar

[Por Helena Martins para Congresso em Foco – 13.12.2023] Na surdina, sem debate público nem qualquer discussão entre parlamentares. O Congresso aprovou mudanças no Decreto-Lei 236/1967, possibilitando a ampliação do número de outorgas de rádio ou TV por sociedades de qualquer natureza jurídica, inclusive a unipessoal, que passa a ser, pelo texto aprovado, de até vinte estações de rádio e vinte de TV. O projeto de lei que viabilizou a mudança foi apresentado pelo deputado Marcos Pereira, do Republicanos de São Paulo e da Igreja Universal. O texto vai agora para sanção presidencial. Lula tem ainda a possibilidade de vetar a proposta e evitar que a radiodifusão brasileira seja ainda mais nociva à democracia. | Leia o artigo completo. 

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Revista EPTIC publica Dossiê Temático Comunicação e Marxismo

Já está no ar a nova edição da Revista EPTIC (vol. 25, n.2)! Além de artigos e ensaios escritos por diversos autores, a revista apresenta também o “Dossiê Temático Comunicação e Marxismo”. A proposta é promover reflexões sobre a disputa epistemológica e apresentar textos sobre jornalismo, desinformação, arte, ideologia, consumo entre outros, em uma perspectiva crítica e que se pretende transformadora. | Acesse e confira!

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